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Cadeira de rodas na base de uma escadaO ser humano não é deficiente. Uma pessoa nunca pode estar danificada. São os nossos edifícios e as nossas tecnologias que estão danificados e deficientes. (Hugh Herr)

Nas apresentações recentes de Curitiba e São Paulo, falámos da ideia desusada mas ainda apelativa de considerar os alunos com deficiência como crianças que precisam de conserto. Nesse sentido, as tecnologias são como próteses que completam a crinaça e lhe permitem cumprir o seu desígnio enquanto alunos. Um erro que pode advir desta concepção é esperarmos pelas tecnologias com a expectativa impotente de que nada há a fazer até que cheguem as ferramentas necessárias para a nossa obra e, quando chegam, esperar que operem o seu milagre!!!
É certo que as tecnologias operam milagres cada vez que possibilitam a um aluno com Paralisia Cerebral exprimir-se ou a um aluno cego aceder à internet.
No entanto, essas possibilidades não podem impedir-nos de ver que, apesar de todo o esforço feito na avaliação de alunos e na atribuição de equipamentos, formação de professores, etc. continuamos a não ter por parte dos alunos com deficiência a autonomia e os índices de participação desejáveis.
Parte da resposta a este problema deve-se a aspectos como a incompletude e imperfeição e incapacidade das tecnologias de que fala Hugh Herr e, por outro lado, as atitudes relativamente às tecnologias  e às pessoas com deficiência, níveis de informação e formação ou os contextos.

Há alguns anos, atribuímos um computador a uma aluna e, numa visita à escola, deparámos com a aluna numa ilha num canto da sala, com mesas à volta. Apesar de estar na sala, a aluna estava completamente isolada dos colegas e da professora. Perante esta situação, pedimos que o computador fosse colocado junto das outras mesas para que esta menina pudesse participar plenamente nas actividades com os outros colegas da turma.

As tecnologias podem operar milagres mas não são uma panaceia. E talvez seja bom interrogarmo-nos sempre sobre as alterações significativas que provocaram na vida dos alunos e sobre o isolamento que podem continuar a amanter ou até justificar.

Ao atribuirmos as tecnologias estamos só a dar o primeiro passo. Falta a utilização efectiva e, mais ainda, significativa. Se damos as possibilidades e um aluno passa a poder escrever, comunicar, ler é mais do que hora de darmos as oportunidades de participação para que seja possível a cada criança cumprir-se plenamente como aluno e como pessoa. Vamos continuar o caminho?

Captura de ecrã Adobe Connect com diapositivo de apresentação do Seminário e PIP de Rui Fernandes e Susana Tavares

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Logótipos de eventos no Brasil e do Dia da Programação e da Robótica

No dia 16 de outubro, participámos no III Seminário Nacional de Práticas de Ensino em Sala de Aula (e I Seminário Internacional de Práticas Pedagógicas Inovadoras), que decorreu em Curitiba e que terá uma nova edição em São Paulo na próxima sexta-feira. Este evento surge igualmente associado ao Congresso Internacional ticEDUCA 2016, que o Instituto de Educação da Universidade de Lisboa dinamiza desde 2010 e onde se procura reunir investigadores e profissionais de educação para repensar a organização das instituições e práticas educativas, focando-se temas como novas perspectivas teóricas sobre o ensino e aprendizagem, projectos e práticas de inovação curricular, ambientes virtuais de aprendizagem e habitats digitais, desenvolvimento profissional de professores e educadores, e-learning e aplicações educativas emergentes.
Este Encontro realizou-se presencialmente na Universidade Positivo mas teve uma forte componente virtual: foi possível participar nas conferências online e muitas comunicações foram apresentadas por videoconferência.
Apresentámos uma comunicação intitulada Todos os sonhos do mundo: Impactos da tecnologia na inclusão. Falámos do papel dos Centros de Recursos TIC em Portugal. Contámos as histórias de três alunos que tiveram um percurso escolar marcado pela utilização de TeleAula. E aproveitámos o que aprendemos com estas três histórias de vida para falar da importância das tecnologias de apoio na inclusão, sobretudo quando essas tecnologias são motor de actividades e projectos que transcendem a escolaridade.
Para saber mais, visite a página do Seminário Internacional de Práticas Pedagógicas Inovadoras.

No dia 17, participámos no Dia da Programação e Robótica, uma iniciativa da Direcção Geral de Educação integrada na CodeWeek e realizada na Escola Secundária D. Dinis.
Moderámos o painel A Robótica aplicada à saúde e foram apresentados três projectos, cada um deles fazendo a ligação entre a educação e a saúde de forma muito específica.
A professora Filomena Soares, do departamento de Eletrónica Industrial da Universidade do Minho e Investigadora do Centro Algoritmi, apresentou o Zeca, um robot que foi concebido para interagir com crianças autistas.
O professor Jaime Rei lecciona Tecnologias de Informação e Comunicação e Educação Tecnológica e é Coordenador do Clube de Róbotica do Agrupamento de Escolas de São Gonçalo, em Torres Vedras. O Professor do ano 2014-2015 de Torres Vedras falou sobre uma mão biónica, um projecto de alunos do 7º ano de escolaridade em que envolveram também profissionais da saúde.
O professor João Sequeira, do Instituto Superior Técnico, é responsável pela Unidade Curricular de Robótica e Coordenador do projeto Europeu MOnarCH - Multi-Robot Cognitive Systens Operating in Hospitals. Apresentou o Gasparzinho, o robot conhecido por deambular pelos espaços da pediatria do IPO interagindo com as crianças – e adultos! – que ali estão internados ou trabalham.

Polvo Dora, mascote da gala Sorrir na EducaçãoAconteceu ontem, dia 12 de Outubro, no magnífico Teatro São Luiz, em Lisboa, a Gala Sorrir na Educação.

Segundo a Clínica da Educação, promotora deste evento anual já na 5ª edição, "O Sorrir na Educação é um projeto que apresenta uma preocupação de intervenção social materializada na divulgação, no apoio mas sobretudo no reconhecimento, anual, ao mérito de 10 causas/instituições/projetos de intervenção social com desempenho de excelência na área da educação.

Conscientes de que as carências de todos os projetos serão impossíveis de salvaguardar num único momento, o Sorrir na Educação tem como missão destacar cada um deles no sentido de promover a sua ação e motivar a continuação do trabalho realizado a cada ano, pautado pelo rigor, dedicação e afeto."

Este ano foram homenageados os projectos
Fado Reguila
LEQUE (Associação de pais e amigos de pessoas com necessidades especiais)
Moda’R Mentalidades
Casa dos Rapazes
Gerar Percursos Sociais (GPS)
Terra dos Sonhos
Zoom Talentos
Aulas nos Hospitais
Enraizar
Associação Portuguesa de Música nos Hospitais

A apresentação da Gala esteve a cargo de Fernando Freitas e do Director da Clínica da Educação, Renato Paiva. Depois da actuação de cada artista convidado (os músicos Rogério Charraz, Martim Vicente, Jaume Pradas, o humorista Jorge Serafim ou os alunos da Academia de Dança Contemporânea de Setúbal, entre muitos outros) desfilaram pelo palco entre as homenagens a cada projecto. Relativamente às Escolas de Hospital, subiu ao palco, para receber uma placa com o Polvo-Mascote Dora, a Dra. Ana Paula Monteiro da DGESTE. O padrinho foi Francisco Mendes.

Parabéns às Escolas de Hospital e aos organizadores da Gala por uma iniciativa com objectivos tão louváveis.

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Ajudas 001

Vindos de todo o país, os professores que integram Centros de Recursos TIC reúnem-se hoje para reflectir sobre a actividade que desenvolvem e partilhar experiências, dificuldades e propostas de trabalho futuro. Foi-nos, por isso, solicitado que apresentássemos exemplos de baixas tecnologias adquiridas ou fabricadas com materiais de fácil acesso e a custo reduzido. Os resultados da partilha foram incríveis e mostraram as enormes possibilidades de soluções baratíssimas e à altura das capacidades construtivas de cada um.

Não é caso para pensar que podemos descartar já os produtos comerciais. Para além de problemas de apresentação, muitos equipamentos de fabrico artesanal têm também problemas de desenho, de durabilidade e de fiabilidade.

Mas há razões para construirmos algumas das tecnologias de apoio que usamos. Deixamos aqui quatro das muitas que já experimentámos.

Oportunidade

Dar uma resposta pronta e adequada a cada aluno é o que todos almejamos. Se um aluno necessita de uma mesa elevada para a cadeira de rodas, não deve esperar meses ou anos por uma mesa especial e cara, sobretudo quando se pode realizar uma adaptação simples.
Por isso, a melhor forma de suprir com rapidez as necessidades, antes que passe a oportunidade ou se perca mais do tempo precioso de aprendizagem e crescimento do aluno, é fundamental tentar encontrar soluções próximas.

Custo

As tecnologias de apoio são, na generalidade, caras. Apesar das razões para os custos poderem ser transparentes e aceitáveis, é difícil conseguir verbas para todas as necessidades. As soluções tecnológicas caseiras têm custos de fabrico muitíssimo inferiores aos produtos comerciais e, mesmo quando não se ajustam como respostas de longa duração, podem manter-se até chegar uma tecnologia definitiva ou servir para testar se os recursos que se pretendem adquirir são ou não adaptados.

Aprendizagem

O processo que vai da análise das necessidades ao fabrico, passando pela procura de respostas é rico em momentos de aprendizagem. As soluções que se encontram mas também a construção efectiva dos equipamentos ou a sua delegação noutras pessoas obrigam frequentemente à aquisição de novos saberes.

Participação

Construir um manípulo ou um leitoril ou um brinquedo adaptado não tem que ser tarefa do Centro de Recursos ou de uma outra entidade responsável por esse trabalho. Por isso, vários Centros de Recursos TIC têm realizado protocolos, nomeadamente com escolas, para a realização de equipamentos. No caso do CANTIC, já o fizemos com várias escolas profissionais, com a EB23 de Vialonga, com a Escola Secundária de Sacavém e com a EB23 José Cardoso Pires, onde estamos sedeados. Além disso, ao mostrarmos soluções previamente fabricadas nalgumas escolas que as precisam são os professores que tomam a iniciativa de encontrar ainda melhores alternativas. Esta mudança de paradigma - de receptor a criador - tem um potencial transformador extraordinário. Mas dessas histórias talvez falemos mais à frente.

Há dias, a propósito das adaptações de alguns materiais escolares para um aluno com baixa visão, uma mãe dizia-nos "Ter um filho com deficiência é uma fonte de criatividade". E nós só pudemos concordar.

Veja as fotos do Encontro dos CRTIC e de algumas tecnologias de baixo custo, releia o nosso artigo sobre o Switch Augustus, coloque-nos dúvidas, comente. Quais são as suas boas razões para fabricar os seus materiais?

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